O Arroz de Casca

quinta-feira, março 29, 2007

«Se o nosso amor vingar»




Que saudades eu tinha, minha gente, do Cabaret Maxime. Do Paul Auster, do Michael Imperioli, do Zé Cid (que me ficou engasgado depois do Paul Auster me ter provocado um troçolho de tanto olhar) e agora dos XPTO que neste momento não me lembro o nome (eram realmente bons), mas depois juro que aviso... O Maxime continua igualinho ao Heaven Can Wait, esse mítico casino que poucos conhecem e que, na orla costeira, a sul, mesmo (mesmo, mesmo, mesmo) em cima da praia, ainda hoje é desaproveitado. Valha-me nossa senhora do turismo e das noites "glamourosas". Olha que isto é situação de rezar uma novena às duas juntas! Entretanto, por terras alfacinhas, o sr. Manuel João lá nos vai fazendo o gosto ao dedo. Aleluia! (assim como assim estamos quase na Páscoa...)

sábado, março 24, 2007

Dúvida metódica ou Isto agora está tudo explicado

António Damásio, o nosso perito português mais mediático nas mecânicas do cérebro humano, dizque descobriu esta semana que há uma grande percentagem de indivíduos maquiavélicos e psicopatas que têm de facto uma deficiência numa zona cerebral. Ora, quer isto dizer que cada vez que um/uma "sem coração" qualquer se atravessar no meu caminho e me pisar no dedo do calo, posso começar a desconfiar que o pobre precisa que lhe "abram" realmente a cabeça?
Estou mesmo a falar a sério: diz o fantástico cientista que as questões de ordem ética e os "bons" sentimentos como a compaixão, etc, estão ligados a determinada zona da cabecita. Até se citam nomes como Hitler ou Staline, sendo que é frisado que não acontece em todos os casos.
O que me apraz dizer sobre o assuto é que parece que anda meio mundo a precisar de uma intervenção cirúrgica, uma vez que não são capazes de gerar emoções positivas sobre os outros (mas leiam o Público de dia 22 (na net) e vejam com os vossos olhos!). O que é que vos parece? Hm? Dêem-me o bisturi que eu já abria aí muita cabecinha pensadora...opss, pensando bem acho que a falta de emoções ou de juízo moral me está a atingir neste preciso momento! ;)

ps- gosto muito do Dr. Damásio e do seu trabalho, não me intrepretem mal. Já agora podem ler "O Erro de Descartes", de sua autoria.

segunda-feira, março 19, 2007

O dia da agente (estão enganados, não é o dia do pai)




Hoje a agente Figueiredo faz anos. Isto é uma prendinha especial. Ó pra eles, amiga, todos a olharem-te bem nos olhos. Salvé o dia 19 de Março!
ps- depois das horas de trabalho que me deram a "arranjar" e a "alinhar" (sim porque não haviam de ser mais teimosos do que eu!!!), espero bem que te inspirem! Não pense a menina que há almoços grátis. Ainda pensei postar 4 Marlon Brando. Dava um quadro lindo, cheio de glamour a preto e branco, mas com tanto regalo para os olhos que há para aí... Olha, viva a diversidade! Faltam aqui algumas fotografias que não possuo e, se as tivesse, não sei se o decoro me deixaria postá-las. Mas enfim, olha, é gente que, como estes, para mal dos nossos pecados,vive longe... Agora faça-me o obséquio de se inspirar! E de expirar a seguir.


sábado, março 17, 2007

a primavera já canta


Vamos lá a animar que está a
chegar a Primavera - a estação
da renovação do Mundo
(e já agora do país, não?).
Prepare-se pois as cores,
o espírito, o sol, a atitude,
as hormonas e...cá vamos nós!

Ferra aqui a ver se eu deixo

Há dias em que não temos paciência para os arrobos de felicidade da parte de gente que não merece. Gritam a sua alegria aos quatro ventos e não vêem, toldados pelo umbigo (que forma um balão e não os deixa ver, coitadinhos), que se se abanarem não sai nada. N-a-d-a. Mesquinhez, vazio, auto-complacência, egoísmo. Vão todos para bem longe e não voltem no próximo milénio. A gerência agradece.

De manhã

Deixei que amanhecesse e me lembrasse de ti. Deixei que a luz invadisse o que é ainda cinzento. E era tão bom que branqueasse.

sexta-feira, março 16, 2007

O Prémio do António

Apesar da secura que grassa na minha verborreia escrita, sem qualquer razão de ser... no fundo há um novo reality show (onde as mulheres fumam maços de "cagarros"), vai fechar mais uma multinacional e mandar mais umas centenas para a rua, etc, etc, etc e tal. Matéria para luminosos posts (cheiiiiinhos de néons a piscar) não falta. No entanto, só consigo falar de uma coisa. António Lobo Antunes ganhou ontem o Prémio Camões. E estou muito feliz por isso. E não poderia deixar de o escrever.
Verdadeiro "prazer" são as estórias de Lobo Antunes que atravessam, qual linha ferroviária, a história deste país; é ver a nossa língua reinventada com vigor e imaginação em forma e conteúdo; é o soco no estômago que a emoção na sua escrita provoca. O seu "psicologismo" cirúrgico - que é a faca que espeta no coração do leitor - pode acordar os sentidos/sentimentos da mais gélida das criaturas...Isso e muitas coisas lhe tenho - lhe temos - a agradecer. Ele, lacónico, agradeceu dizendo que "era um prazer" terem-se lembrado do seu nome. Agora que, parafraseando Eduardo Lourenço, vimos o seu nome coberto pelo de Camões, vamos ver o que terá a dizer no dia do Nobel. Acreditem que ainda vamos ver.

sexta-feira, março 09, 2007

A folha em branco e o dia da mulher

Tenho andado curta de verbo. Não me tem apetecido dizer nada, escrever nada. Nadinha mesmo. O «drama» da folha em branco. Mas hoje (já me ia esquecendo!) que tenho mesmo de postar qualquer coisinha: não há pachorra para o dia da mulher. NÃO HÁ PACHORRA! Ouviram bem?

quinta-feira, março 01, 2007

aviso ao navegador incauto

este blog não pretende tornar-se numa lamechice delico-doce para inglês ver, muito menos num confessionário íntimo idiota lá por a sua "dona" (lindo!) andar em estado altamente febril. a causa da febre é ainda desconhecida, mas, está garantido (pelo menos pela empresa de que é patroa) que melhores dias virão e que este blog vai voltar ao seu habitual charme e pertinência (isto de presunção e febre cada um toma a que quer!).

das relações humanas

Há relações que nos torturam, nos maltratam, nos esfarelam. Chegamos ao final e desconfiamos da própria sombra. Infelizmente, qual feitiço da lua, podemos ficar assim por muitas escuras, tristes e ledas madrugadas (já lá dizia Camões, esse grande português). Isto, claro, dependendo do crédito que damos à lua e cuja gestão de conta, vulgo responsabilidade, é só nossa. Outras "ralações" há que, apesar de verem um fim - mesmo o que nos parece ser eterno, não é - nos fizeram ver, pela sua qualidade, que era possível acreditar nas pessoas, no amor, na amizade, na felicidade e que, mesmo depois das tempestades, nos deixam uma mensagem de que foi bom e é bom não nos fecharmos à surpresa e ao mundo. Foi alguém que gostou de nós como somos, que nos deu provas de confiança, que disse quase sempre tudo o que tinha a dizer. Alguém que não teve medo de nos dizer: «fazes-me tão feliz». E que nos avisou - tipo xarope para dias maus - «não desistas nunca de apostar nas pessoas e nas coisas fantásticas que a vida tem». De facto é uma evidência - se assim fosse, nunca teríamos conhecido aquela pessoa...
E se dias há em que não há santo que nos convença disto, porque a humanidade está «podre»...outros aparecem a lembrar-nos que essas pessoas especiais conseguem apagar parte das letras escritas a giz - o tal que nos fez alergia no quadro negro de tantos (des)encontros. Às vezes basta um desses seres raros, para nos devolver à vida. Aliás, alguém cujo sangue ainda corre nas veias entende, facilmente, que, quem se recusa a sentir, não "vive" realmente e sofre o vazio da ausência de sentimento.
Hoje estou particularmente inclinada a recomendar - tipo consultório de revista de cordel - um freio no "processo de encantamento" só e apenas como gabardina para intempéries e pessoas e dias cinzentos. É um freio leve e que facilmente pode ser retirado. Mas como medida preventiva, às vezes não era mau protegermo-nos de situações (invulgares bem sei) que, apenas pelas suas circunstâncias (misteriosas, encantatórias, estranhas, surpreendentes, cheias de magia surrealista), podem fixar-nos e arrastar-nos para sítios inóspitos e frios onde nunca quisemos regressar. Um freio que nos pode proteger de gente egoísta, umbiguista e insensível, que não parou um minuto para pensar em nós.
É que hoje é um daqueles dias em que, de facto, não há santo que me convença que demasiada magia não acabará por nos enjoar...e levar-nos a enjoar por tempos demasiado longos. E vamos que nesses tempos, encontramos a verdadeira magia? É que nem a vemos, por muito que se passeie nua e aos gritos à nossa frente! Ora bem: conselho para todas as criaturas de coração mole aqui debaixo do sol...Um almocinho à luz do dia e bem exposto à realidade - um corte cirúrgico "nas campainhas", rápido e incisivo logo à partida, não fará mal a corações doentes. E nem estraga nada - porque se tiver de ser, será. Para os sãos, alegres e despreocupados: atirem-se de cabeça e ...logo se vê.
Quem é "O Santo" que me quer mesmo convencer disto hoje? Candidatos?

Acaso


Antes de acabar com aquela teimosia tonta, a teimosia que me consome, me corrói e que, muitas vezes, simboliza as minhas Dádivas, não conseguia arrumar os livros de poesia na estante. Por muito que soubesse - não tive coragem, até à estocada final. Uma espécie de superstição estúpida e batida, mas não consegui. Afinal era o sabor dos livros com que tinha tentado desflorar o teu amor pela poesia. E eram as letras, as linhas, os parágrafos que me tinham juntado à tua loucura mansa. Mas não há que confundir os homens (e as suas acções) com as suas obras - uma das primeiras lições de jornalismo que teimo em esquecer. No dia em que, finalmente, respirei fundo e «limpei a mesa», os livros apareceram - não por mim- arrumados na estante. Foi o Al Berto e o seu «Medo» (um título nada ao acaso nesta estória de letras), o Lorca e o Eugénio. Todos na estante. Curiosamente, em cima da secretária só restou um caderno verde de capa plástica da escola primária e o Herberto Helder e «Do Mundo». Vou lê-los porque devem ter alguma coisa para me ensinar: alguma coisa que eu desaprendi. Há quanto tempo lá estavam os livros? Uma eternidade - que é o tempo que dura qualquer dor.