O Arroz de Casca

quinta-feira, março 01, 2007

das relações humanas

Há relações que nos torturam, nos maltratam, nos esfarelam. Chegamos ao final e desconfiamos da própria sombra. Infelizmente, qual feitiço da lua, podemos ficar assim por muitas escuras, tristes e ledas madrugadas (já lá dizia Camões, esse grande português). Isto, claro, dependendo do crédito que damos à lua e cuja gestão de conta, vulgo responsabilidade, é só nossa. Outras "ralações" há que, apesar de verem um fim - mesmo o que nos parece ser eterno, não é - nos fizeram ver, pela sua qualidade, que era possível acreditar nas pessoas, no amor, na amizade, na felicidade e que, mesmo depois das tempestades, nos deixam uma mensagem de que foi bom e é bom não nos fecharmos à surpresa e ao mundo. Foi alguém que gostou de nós como somos, que nos deu provas de confiança, que disse quase sempre tudo o que tinha a dizer. Alguém que não teve medo de nos dizer: «fazes-me tão feliz». E que nos avisou - tipo xarope para dias maus - «não desistas nunca de apostar nas pessoas e nas coisas fantásticas que a vida tem». De facto é uma evidência - se assim fosse, nunca teríamos conhecido aquela pessoa...
E se dias há em que não há santo que nos convença disto, porque a humanidade está «podre»...outros aparecem a lembrar-nos que essas pessoas especiais conseguem apagar parte das letras escritas a giz - o tal que nos fez alergia no quadro negro de tantos (des)encontros. Às vezes basta um desses seres raros, para nos devolver à vida. Aliás, alguém cujo sangue ainda corre nas veias entende, facilmente, que, quem se recusa a sentir, não "vive" realmente e sofre o vazio da ausência de sentimento.
Hoje estou particularmente inclinada a recomendar - tipo consultório de revista de cordel - um freio no "processo de encantamento" só e apenas como gabardina para intempéries e pessoas e dias cinzentos. É um freio leve e que facilmente pode ser retirado. Mas como medida preventiva, às vezes não era mau protegermo-nos de situações (invulgares bem sei) que, apenas pelas suas circunstâncias (misteriosas, encantatórias, estranhas, surpreendentes, cheias de magia surrealista), podem fixar-nos e arrastar-nos para sítios inóspitos e frios onde nunca quisemos regressar. Um freio que nos pode proteger de gente egoísta, umbiguista e insensível, que não parou um minuto para pensar em nós.
É que hoje é um daqueles dias em que, de facto, não há santo que me convença que demasiada magia não acabará por nos enjoar...e levar-nos a enjoar por tempos demasiado longos. E vamos que nesses tempos, encontramos a verdadeira magia? É que nem a vemos, por muito que se passeie nua e aos gritos à nossa frente! Ora bem: conselho para todas as criaturas de coração mole aqui debaixo do sol...Um almocinho à luz do dia e bem exposto à realidade - um corte cirúrgico "nas campainhas", rápido e incisivo logo à partida, não fará mal a corações doentes. E nem estraga nada - porque se tiver de ser, será. Para os sãos, alegres e despreocupados: atirem-se de cabeça e ...logo se vê.
Quem é "O Santo" que me quer mesmo convencer disto hoje? Candidatos?