O Arroz de Casca

segunda-feira, agosto 28, 2006

Caos

Três gatos. Uma dona com mais do que três novelos de lã na cabeça. Memórias ancestrais que atormentam o espírito e modinhas da província que as embalam... Isto é um filme da vida real.Tragam um futuro por favor. E depressa. Porque os gatos é que aturam a dona. E não pediram para desenlear novelos.

sábado, agosto 26, 2006



Ei-lo.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Antonioni

The Passenger é definitivamente um filme que importa ver. A densidade dos planos que se demoram e que não aborrecem. A cor, a subtileza do enquadramento, a luz, a penumbra... Uma história bem contada onde o protagonista, um fabuloso Jack Nicholson, se quer dissolver de si e nos angustia com dúvidas: quantos eus podem viver dentro de nós?; pode alguém ser quem não é?; conseguiremos fugir de nós para ver uma outra luz ou poder olhar de outra perspectiva?; quem nos ama e nos (re)conhece?
A luz de Antonioni é também a do deserto de África e a da secura da Andaluzia espanhola. O sul na sua aridez, na paleta de cores que desmaia para depois fazer a festa. É a Espanha, na pobreza de 70. Na poesia redundante de velhos sós empurrados por cães e miúdos a jogar à bola nas frentes das praças de touros. No final, o protagonista conta-nos a parábola da fealdade do mundo, que alguém que deixa de ser cego se recusa a ver, porque era mais belo o mundo que a cegueira lhe imaginara. Aqui, por momentos, Antonioni retira a fealdade do mundo ao mesmo tempo que lhe filma, sem pejo, feridas em aberto.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Estou a fazer por isso

Alturas há em que alguém nos sopra, inesperadamente, um desejo doce e áspero: «espero que estejas feliz». Sentimos um abanão. Um tremor. Um suor. Se alguém nos olhasse nos olhos ouviria um ruidoso «não». Não, não estou feliz. Não, não sei bem o que me fará mais feliz. A única coisa que sei, hoje, apesar das insónias, das dores de costas, dos pesadelos nocturnos e diurnos, é que estou a fazer por isso. Imagino que vou juntar as forças daqueles que não o podem fazer. E não voltar a sentir que a terra me treme debaixo dos pés a cada suspiro.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Milagre

No dia em que homens e mulheres se entenderem, será que vamos passar a ter duas luas em vez de uma?
Deus - porque é tudo tão complicado? Tréguas de quando em vez? Não pode haver vontades partilhadas ou apetites conjuntos? Por mim voto nas duas luas. E não sou um E.T. Mas confesso que às vezes gostaria de ser. Podia ser que entendesse melhor os homens. «O macho latino visto por uma lupa verde» - belo título!

quarta-feira, agosto 09, 2006

O deserto das notícias no «v'rão das noches claras»

Já me tinha esquecido como Agosto era um deserto noticioso. Como a imaginação tinha de ser fértil para inventar aberturas, preencher páginas, reciclar notícias - um jogo onde a internet era o mais precioso de todos os talismãs. Agora que voltei às lides, é que vejo o que é encher chouriços em noites de lua cheia...Um calor, uma falta de pachorra, um textoooo compridooo, um amigo a queixar-se das agências de comunicação. E a lua, essa, que me lembra que há sitios bem melhores onde estar em tempo caliente de noches claras... Por agora terei de me contentar com a companhia miante dos gatos e a promessa de uns finais de semana au soleil, longe da capital.

quinta-feira, agosto 03, 2006

O cheiro a terra queimada vem do Líbano até à minha varanda.
Quanto tempo mais?