O Arroz de Casca

domingo, dezembro 31, 2006

E uma corrida feliz até 2007!


BOM ANO!

Um carrossel cheio de aventuras...e...

E agora...Um salto harmonioso para o novo ano

Helsinki Complaints Choir

Esta foi uma prenda que me deram - e não foi por ter feito aninhos ontem. Partilho-a connvosco. É, no mínimo, curioso...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Manifesto

Manifesto-me. Manifesto-me neste último dia antes de fazer a viragem para mais um aninho como habitante do planeta e no penúltimo antes da viragem para 2007. Manifesto-me com um frio no estômago ( ah, ah, estou viva!- não era uma miragem e não sou um holograma) pela ESPERANÇA. Uma ENORME esperança de um ano melhor para o Mundo, para mim e, em particular, para tudo quanto amo. Aqui deixo esta ideia para que, para o ano, por esta altura, possa olhar para este post e dizer «valeu a pena». Progredir, aprender, melhorar, evoluir são alguns dos votos que faço. E, sobretudo, que possamos (todos) ser sempre um pouco mais felizes! Fiquem com um abraço do tamanho desta esperança.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Died In Your Arms

Sem Palavras...

Duran Duran - The Wild Boys

Não consigo resistir...São só mais 2 saudosismos, juro!...Caem-me na sopa!

Do They Know Its Christmas? - Band Aid

Inacreditável...Bono, Sting...Boy George!Jesus...

Pois é...já passou

Balanço natalício:

- Gostos do coração
- Desgostos do coração :(
- Um eterno pijama
- Pantufas
- As minhas coelhas no colo a ver desenhos animados :)
- Ser politicamente correcta
- Um cd do Joe Jackson
- Uma carteira imaterial
- Pregadeira e anel
- Livro de notas e estojo
- Vontade de fugir
- Dois livros lindos
- Muitas sms para espalhar coisas boas pelas pessoas
- Vontade de rir
- Meias
- Vontade de chorar
- Uma planta linda
- Saudades do tempo em que (criança/pré-adolescente) achava fantástico o Last Christmas e o George Michael giríiiiiiiissimo (credo, com aquele cabelo loiro à David Hasseloff - tipo "cromo da bola"!). Ouvir e cantar Last Christmas vezes sem conta e inventar mais de metade da letra (uma cena hilariante, de ir às lágrimas mesmo!). Ver o teledisco do hit de George Michael - que se viria a revelar um ícone pop (da bem feita) - com os vizinhos todos do prédio em casa, ou vice-versa. Começar a saber o que era um inexplicável frio na barriga (esta parte não me lembro bem se não é da fase Brian Adams...). Não ter noção do fabulástico teledisco: o kitsch dos cabelos, dos penteados, da encenação, da músiquinha lá-lá-lá...Achar que o George Michael era o homem mais bonito à face da terra (isto poucos anos antes da "pancada" Trovante). Foi engraçado descobrir que existia no mundo o «princípio da atracção», através de alguém (por acaso até homossexual) que se tornou, muito mais tarde, muito mais interessante.

PS- Sobrevivi a mais um Natal...Já passou. Uff! Mais uma nota neste tom saudosista: e ainda consegui recordar «do they know it's christmas time?» Foi há tanto tempo! Ora oiçam (vejam) lá...

Last Christmas - WHAM

Há coisas inevitáveis...Eu recordei à conta de uma nova versão.Lembram-se desta?

domingo, dezembro 24, 2006

Sem palavras

Um cigarro aceso e a luz dos teus olhos era fel;
uma doce miragem e o teu cheiro exitação
A longura dos teus dedos estranho prazer roubado às noites
Todas as palavras eram possíveis;
todos os sentidos viáveis,
Abertos, todos os segredos; todos os colos

Apagaste a luz e o sol queimou-me a vista
Por que foi que denunciaste a minha doce
luxúria e rasgaste o encontro?
E as nossas palavras? E os teus lábios? E o nosso dever de as falar?

quinta-feira, dezembro 21, 2006

O Natal...está a dar cabo de mim I


Nesta busca insana de imagens parar vos contar como o Natal está a dar cabo de mim, a primeira que encontro é desta praia deslumbrante onde, por acaso, já estive. Não. Parem tudo. Desespero. Tragédia. Drama. Horror!!!!!!!......Mas por que não são assim todos os Natais?Porque é que eu não posso passar o Natal em Natal e tenho de me arrastar durante horas e horas para comparar presentes para este mundo e o outro? É o cão, o piriquito, o gato do vizinho, a sobrinha do tio, o colega do amigo!!!!!! Argh! Farta. Farta é que estou de andar a correr lojas para dar presentes a quem não me apetece, gastar o que não tenho e - exigente como sou - não encontar nada que goste. Porque mesmo quando gosto eles dizem (e atenção que neste caso "eles" não é o governo ou a terceira instância): «Não há. Não temos. Já tivémos. Agora é tarde! Esgotou. Ainda vamos receber... mas duvido. Vamos fechar.Tenho, mas já não há em vermelho. Só roxo e cor-de-burro-quando-foge!» Arre!
E atenção - que quem me conhece não me deixa mentir -adoro dar. O presente certo para a pessoa certa (diz que costumo acertar). Normalmente achado. Tropeçar nele e ver o rosto de alguém! É uma sensação fantástica, acreditem.
Continuemos: euzinha, doentinha, cheia de fome, sono, cansaço, constipação, broca-de-dentista-a-metralhar-me-a-cabeça...Só para passar a mais estúpida e cansativa e enervante semana do ano. Resultado: Ódio ao consumismo. Ânimo em iô-iô. Vontade de gritar. Chorar. Explodir.

O que me vale são as minhas duas coelhas que me fazem sempre lembrar que: o Natal é fantástico para elas (como já foi para mim). Tenho a sorte de «as ter». E, já que o Natal existe mesmo - e este agora (porque hei-de lá passar um) não é cheio de sol, água de côco e dunas de areia - o melhor é, "parafraseando-me", passá-lo o melhor possível. Portanto: olha, o melhor sorriso fritando filhós...

PS - Uma nota de uma pequena felicidade verde para consolar o meu dia: Hoje estou contente, ofereceram-me uma planta! Uma planta verde e linda! Feliz Natal para todos.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Episódio ou «O Medo»


Era uma vez, num tempo mais quente e praseroso, em que uma caríssima amiga e colaboradora minha (cuja identidade me escuso obviamente a revelar) e eu própria, fomos numa "cruzada" em busca de lucros para a nossa Empresa - "casa" da qual, em breve, este blog contará a história ...Vamos a factos. Estávamos nós felizes e contentes observando mais uma noite kitsch desta cidade, eis senão quando encontro um amigo, acompanhado de um bem-parecido e desconhecido rapaz. A verdade é que, o dito, meia hora depois de entabular conversa com a minha amiguíssima, estava a dizer que queria mesmo estar com ela, e que era mesmo a sério, e que precisava de a ver mais vezes, e que se calhar era a mulher da vida dele, e patati, patata...«O costume», segredámos...Partimos para outra freguesia dentro do mesmo espaço. Não é que o bem-dito moço continuava a perseguir a minha amiga , fazendo-lhe juras de amor e repetindo a frase da noite (ao melhor estilo vira-o-disco-e-toca-o-mesmo): «Acredita que isto é mesmo (a) sério!».
Umas boas gargalhadas depois, lá continuamos a nossa vidinha de Olívia Patroa e Olívia Costureira. Entretanto - numa destas noites incógnitas e frias - deparámo-nos de novo com o meu amigo («esse grande querido» - agora o chavão aplica-se-lhe). Dois dedos de "cunbersa" e perguntámos ao mesmo tempo - como boa equipa que somos - «Olha lá, e o teu amigo?». A resposta veio curta e grossa: «Olha, casou-se há um mês»! De novo o únissono: «Não acredito!»... Seguido de: «Ele tinha namorada há 9 anos e, acreditem, que não era pessoa daquele tipo de coisas. Conheço-o bem.»
A explicação para esta estória ficará obviamente para as calendas de Maio ou, dentro de um anito, depois de mais um divórcio para a estatística. A questão é outra, amigos. Para quê viver não vivendo. Para quê munirmo-nos de capa, espada, escudo, elmo, bomba - tudo prestes a explodir? Quando de facto de sente qualquer coisa, é melhor deixá-la vir. Porque os sentimentos especiais são raros. Porque não "se sente" muitas vezes. Porque o medo nos impede de ser felizes.
Dizia a minha amiga: «Às vezes não imaginamos como um gesto nosso pode ser importante para alguém...». É assim... rimo-nos e seguimos em frente. Mas para quê viver com medo de viver?

Moral da estória: ou as últimas escapadelas são as que sabem melhor ou o destino tem razões que o coração desconhece ou...temos a estória do infeliz e inconsistente matrimónio do Mário Joaquim com a Maria Caxuxa (o que aliás não faz mal nenhum, porque é mais um potencial cliente para a nossa Empresa e, eu, como Olívia Patroa, tenho de controlar o negócio que esta crise não perdoa). Tenho dito.

PS - Este post é dedicado à minha «agente no terreno» de quem eu gosto tanto. (Veja lá a menina, porque não pense que é com esta patranha lamechas que lhe aumento o subsídio de Natal!)

domingo, dezembro 17, 2006

Lisboa, «rapariga descalça e leve»



Bons são os momentos que, inesperadamente, nos caem no colo. Momentos mágicos em que se encontra gentes e em que se dança porque o corpo pede. Momentos em que partilhamos a Lisboa que amanhece sem querer saber do tempo. Momentos onde sentimos o vigor da manhã clara. Momentos especiais em que se partilham cumplicidades, pão fresco, gargalhadas, sorrisos, dúvidas... É a noite que nos anima e nos faz esquecer de nós. É a noite que nos serve de bandeja outros mundos para além do nosso horizonte, e que nos confessa que há mais universos para partilhar.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Procuro-te

Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e do corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos ao peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul e céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre- procuro-te.

Eugénio de Andrade
Poema dedicado a Mário Cesariny

you are welcome to elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny

terça-feira, dezembro 12, 2006

seis meses depois...



...não há coincidências (já lá dizia famosa personagem do nosso burgo literário). Pois é. Estava eu aqui a cogitar, entre ben-u-rons, antibióticos, mantas e gatos quando é que o meu blog - o meu «Arroz de Casca» - faria aninhos... (isto depois de pensar "bolas lá deixei passar o dia!"). Consulto o calendário e eis que... é hoje mesmo! Parabéns a este Arroz de Casca que vai alimentando a mania-de-escrever, o vício de mão, a catarse, os dias bons, os menos bons e tudo o mais que se quiser. Esta tem sido uma feliz coincidência. Olha: venham mais seis!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

A menina tá doentinha...



A menina tá quase verde...Chuif

Lear, Mozart, Caracóis e Arrumações mais (o nº suplementar) A Gripe


E foi assim o fim de semana. Duas peças muito interessantes - Burger King Lear e Mozart Concert Arias, un moto di gioia -arrumações forçadas e uma bela de uma gripe a piorar até à afonia. Adiante. Já que a «bela» - e outros absorvimentos mentais - não deixaram que, hoje, a letargia me largasse... Ao menos que a quinta-feira tenha servido para higiéne mental, alívio de papelada e baú de recordações. Eu, euzinha - a pessoa mais alérgica a deitar fora e arrumar no mundo inteiro e arredores -vejo-me forçada a dizer-me:
Preciso de continuar a arrumar, organizar (e essas palavras todas com ar dentro) para ver se a vida areja. É que parece que resulta! É como cortar o cabelo (coisa que fiz tb por estes dias, está claro). Ajuda a deitar fora algum passado e a lembrar que outro existiu (lembrar que já fizemos (e estudámos!) coisas que nem acreditamos; ler postais do tempo da maria cachuxa -que isto agora é só e-mails; lembrar amigos...). Deitar fora algum passado faz bem à saúde. Ajuda a "farolar" o futuro.
O slogan de hoje fica assim: «Para a sua higiéne mental, deite papéis fora no Natal».
Bonito,não?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Tenho

Tenho sono. Tenho frio. Não gosto do Natal. Tenho os pés gelados. Tenho saudades.
Tenho saudades do futuro. As minhas mãos estão a 50 graus abaixo de 0. Tenho três gatos e quero-os já para me aquecerem. Estou farta deste rame-rame.

terça-feira, dezembro 05, 2006

E ainda assim!


Este último é o toque kitsch que tenta desdramatizar a situação.
Não faço ideia o que seja o "namoro misto" e quem sejam estes dois senhores. Deixo ao critério de cada um dos meus e-leitores.
Mas que o meu coração está, coitadinho, mais dividido que as coisas divididas...é verdade. Mais do que uma folha de duas faces. E as duas faces - como tão bem indicam as imagens anteriores - até têm cores e formas diversas. Uma mistura do mais quente e do mais frio - é vermelha e azul a cor do meu coração(vá lá não ser azul e branca que, como toda a gente sabe, é só uma cor!). Ai, corazón dividioooooooo!...

E assim...

Hoje sinto-me assim

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Boas férias, Sr. Cesariny

Era assim que começava o texto de despedida que fiz para a última edição do "meu" malogrado jornal.
Nos últimos anos encontrava frequentemente Mário de Cesariny - um dos grandes da literatura em português. Um dos meus preferidos (que como Eugénio, estão a partir para outra dimensão). Encontrava aquele sr. esquelético de passos trémulos, sobretudo azul escuro e caderneta-da- caixa-na-mão. Ele olhava-a invariavelmente com ar intrigado - saberia lá ele que grande utilidade para o mundo teria a caderneta da caixa?. Não sabia, nem queria saber. Eu e o meu amigo - que lanchávamos juntos e filosofavamos sobre trivialidades do mundo - nunca tivémos coragem de lhe chegar ao pé. Chegar ao pé e dizer - como duas crianças a admirar um super-herói (surrealista) - "olhe, gostamos muito de si". Tenho pena, amigo (tenho tantas saudades das nossas trivialidades do mundo), que nunca o tenhamos feito. Os dois armados em adultos incolores. O Sr. Cesariny e a sua caderneta-da-caixa eram para mim uma nobilíssima visão: de quando em vez lá podia eu, a meio da jornada de trabalho, vislumbrar o autor da obra que tantas vezes me surpreendeu, me comoveu, me abraçou.
Creio que se estivesse vivo Cesariny, o poeta, gostaria de uma homenagem tão singela quanto esta: uma "estória" trivial. Creio que gostaria que nos despedissemos dele com um : "Boas férias, Sr. Cesariny". É que, onde quer que esteja, aposto que está de férias...

Ps - Porque será que quase todos os poetas do meu coração amam, como eu, os gatos?