Da pele

Há um túnel escuro por onde desliza um écran móvel e gigante que deixa o espectador e um dos intérpretes de um lado e o outro intérprete do outro. Há uma câmara que filma em tempo real e projecta nesse écran pormenores do corpo, pormenores do momento, pormenores do movimento, pormenores da pele. Os dois performers vivem uma confrontação muitas vezes agressiva, às vezes irónica - a confrontação dos espelhos - do velho e do novo, do mestre e do discípulo. Há uma confrontação do performer consigo mesmo, uma luta em que quase se auto-pune, uma transgressão no movimento. Há uma ânsia em que um corpo grita, em que tem medo, em que repuxa a própria pele. A pele é o menor denominador comum da peça, tal como o pixel é o menor elemento de uma imagem digital. É através da pele que o jovem belisca que se confronta consigo próprio e com o mundo - tudo se espelha nas imagens que se vão multiplicando e que vão sugerindo e dando a ver outras faces daquele corpo, daquela luta. A relevância do som forte e agressivo, ou da cantiga entoada ao vivo não é alheia neste confronto. Tal como o écran funciona como meio de comunicação, a pele e o corpo são os interfaces de comunicação que antecedem a imagem e que lhe dão voz. Em Pixel funde-se os elementos do corpo com os elementos da imagem, numa dança provocadora. Um momento forte e condensado - um momento para reter.
2 Comments:
não falas te na p.... do luis, pq??eheheh
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Anónimo, at 12:37 da tarde
o sr. anónimo comporte-se que isto pretende ser um comentário sério. sim, que esta é uma casa de gente respeitável ;) lol
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g., at 2:41 da tarde
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