O Arroz de Casca

sexta-feira, junho 22, 2007

O meu primeiro festival

De facto o marketing tem artes do arco da velha. Resolveram, por estes dias, criar um festival - à semelhança de um grande festival de música - mas para criança ver. A questão é a seguinte coisa: num recinto enorme, em vez de actuarem as bandas do momento, vão actuar as Doce Mania e as personagens Noddy, Leopoldina, Bratz e Oliver e Benji. Espaço ainda para uma zona «Playstation» e pistas de carros telecomandados. Isto fora o espaço "lounge", etc e tal...Traduzido em números, o «Meu Primeiro Festival» vai implicar um investimento de dois milhões de euros, 1.680 minutos de espectáculo, 22 mil litros de água e 200 colaboradores. São esperadas 80 mil pessoas. Afigura-se um negócio da China, de facto...
Serve isto e um comentário muito engraçado que li (em A Pipoca Mais Doce) sobre crianças que, na quarta classe, já têm viagens de finalistas, para questionar o modo como hoje as crianças são donas e senhoras dos pais, da casa, das prioridades da família, do consumo familiar, etc. E não é questão de fazer figura de Velho do Restelo, mas, pergunto: não é tudo isto um excesso bacoco de um país que só há pouco tempo aumentou o seu poder de compra (para agora começar a perdê-lo de novo)?
Criancinhas a trocar números de telemóvel, fumarem cigarros de chocolate, trocarem o último vídeo pirateado das Bratz, verificarem a marca dos novos óculos de sol e exigirem aos papás que gastem 100 euros numa tarde? Não há pai que aguente!
Brincadeiras à parte, a questão não está no divertimento dos miúdos, mas na máquina consumista por detrás de toda a sua existência. Dá que pensar como é que os senhores do marketing atacam este alvo sedento e sem capacidade crítica. Dá que pensar que os pais muitas vezes também não a tenham ou, pior, não a queiram exercer.E dá que pensar que, para além deste lazer dispendioso (e forçoso para bolsos não tão abonados), não haja muitas vezes o contraponto. Um contraponto feito de uma chamada de atenção para as questões mais básicas da vida. As questões que (n)os fazem realmente crescer.

4 Comments:

  • Toda a rãzão, Arrozinho. É por isso que aqui em casa é mão de ferro e além disso, os hábitos criam-se...portanto se educarmos de uma maneira as coisas são de uma maneira (que profundo, irra!! Pareço aquele de "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!!!!")...eheheheh...
    Para domar a criançada é preciso:
    1º regras;
    2º coerência;
    3º mão de ferro.
    Se não fosse assim cá em casa, a pirralhita de 1 m e 30 e poucos centímetros já mandava em tudo!!
    Mão de ferro1 Ordem e disciplina!!!
    eheheheheeheh...

    By Blogger IM, at 3:20 da tarde  

  • Eh lá!... Também não é preciso exagerar. Espero que não sejas uma "carrasca" que nunca deixa a pirralhita cometer os seus pecados. Eu, por exemplo, fiquei com uma fixação por batatas fritas porque nunca as podia comer. "Os fritos fazem mal!" - estás a ver o género?
    A verdade é que mesmo hoje em dia como muito poucas (olhó efeito da educação) porque tenho um espírto santo de orelha sempre a vociferar: "FAZ MAL!". Isso e muitas outras coisas. Em minha casa a mão era de aço! Demasiado, eu acho.

    By Blogger g., at 3:29 da tarde  

  • Bem, eu deixo-a fazer disparates, mas controlados...e as batatas até é um deles...um pecadito a que fecho os olhos...mas sou rígida (IM, A Carrasca).

    By Blogger IM, at 4:10 da tarde  

  • Uma carrasca não muito carrasca...Isso é bom!
    Alguém que defenda o direito às batatas fritas (de vez em quando)! ;)

    By Blogger g., at 4:22 da tarde  

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