"Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda."
Eugénio de Andrade
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda."
Eugénio de Andrade
5 Comments:
Gosto muito de E. de Andrade...de facto, este poema faz-nos pensar sobre a noção de relatividade...relatividade essa que é usada e abusada. Quando usada no contexto mais profundo faz-nos pensar que somos ingratos, todos os dias, a toda a hora, com o que a vida nos dá...
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IM, at 6:33 da tarde
Pois é. Parece que é necessária a perda para a valorização. E devíamos estar mais evoluídos que isso.
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g., at 11:20 da tarde
O Eugénio de Andrade faz-nos sentir que a poesia ainda é possível depois do Holocausto...
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g., at 11:33 da tarde
...mas não depois do Holacusto...eheheheh...
IM
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IM, at 9:47 da manhã
Depois do Holacusto ...jamais...
;) Lol!
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g., at 2:40 da tarde
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