O Arroz de Casca

segunda-feira, outubro 16, 2006

Modas em Lisboa

Este fim-de-semana, e apesar da garganta "ao peito" não ajudar, lá rumei à Moda Lisboa. Vi Luís Buchinho e Ana Salazar, o primeiro com propostas mais interessantes do que as da segunda. Goste-se muito, pouco ou mesmo nada, assistir aos desfiles em passerelle ao vivo (e a cores ou preto e branco conforme a tendência) é sempre um "acto performativo" digno de se ver. O Museu da Electricidade, que acolheu o evento, é um edifício lindíssimo e à altura (falta-lhe talvez a largura!). O ambiente que envolve a coisa é sempre sui generis. Para além da "vipalhada" do costume - modelos, locutores, actores, etc - aparecem inevitavelmente figuras saídas de um qualquer filme de excentricidade comprovada.
Pessoalmente sempre gostei do espectáculo das passerelles que só se pode apreciar devidamente ao vivo. No ecrã é igual a ver dança na televisão - uma coisa sensaborona. A Moda Lisboa podia era limpar algumas arestas... É muito bom que exista, cheia de aves mais e menos raras. Mas seria óptimo que, por exemplo, os criadores não mandassem mais convites do que as pessoas que cabem no recinto. Da última vez que lá estive, sem ser em trabalho, aconteceu o insólito - com convite umas centenas de pessoas não entraram. Claro está que não voltei até me esquecer da proeza. Desta vez, incrivelmente, ia acontecendo a mesma coisa num dos desfiles a que assisti...Mesmo assim houve uma série de pessoas de pé que pouco terão visto. Acho que não será assim tão difícil ao fim de 15 anos aprender a controlar convites e listas de e-mail. Por outro lado - e mais importante - seria de louvar que houvesse um X de bilhetes compráveis, ainda que não a preços exorbitantes. Isto permitiria que parte dos interessados pudessem assistir aos desfiles. São os interessados que não frequentam estes meios e que não podem comprar em lojas de criadores nacionais - basicamente a larguíssima maioria dos portugueses. Por outro lado, a receita contribuiria para a organização que tanto tem ajudado os criadores portugueses, uma vez que lhes dá possibilidade de não pagarem muitos dos custos obrigatórios com o desfile. Moral da História: com um pouquinho mais de bom senso viviam todos felizes e contentes e havia uma maior democratização dos eventos de Moda em Portugal... A menos que, imagine-se, a organização pretenda manter aquilo que é também uma manifestação cultural num nicho. Moda para a elite da elite... Não me parece é que o país ganhe nada com isso.

Ainda não é moda em Lisboa mas devia ser. Exposições como aquela que ontem terminou no Museu de Arte Antiga são precisas. De Fra Angelico a Bonnard prepassa séculos de pintura no ocidente com nomes que dispensam apresentações: Canalletto, Renoir, Monet, Fragonnard e tantos outros grandes. Mesmo os grandes que (ainda) não conhecemos. Um bálsamo para os olhos, para os sentidos e para a alma.

2 Comments:

  • lá tá gostava mto de ver esses magnificos no Museu d Arte Antiga, mas em vez disso vi Castelo Branco saindo d táxi e Dona bettiii deambulando na moda lisboa. a vida tem destas coisas!

    By Anonymous Anónimo, at 6:36 da tarde  

  • deixa lá, amiga, que temos uma data de exposições para ver. nomeadamente de arquitectura - enfim, sítios onde não se corre o risco de encontrar o circo montado à porta...lol

    By Blogger g., at 7:45 da tarde  

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