O Arroz de Casca

quarta-feira, outubro 11, 2006

Fellini & Almodovar

Mais um corrida, mais uma viagem. E o Lux comemorou as suas 8 primaveras. O que não foi nada primaveril foi a maneira como decorreu o evento. Duas ou três horas de fila à porta? Trinta ou quarenta minutos para, depois de 3 horas de espera, pedir um bebida???? Não, amigos, assim não dá. Gostamos do Lux, admiramos Manuel Reis, mas tudo tem o seu limite.
O tema Fellini & Almodovar foi muito bem pensado e teve uma resposta massiva dos convidados da casa. Nem no Carnaval se assiste a tamanha demonstração de imaginação perante o universo de dois criadores. Muita gente diferente, muitos disfarces criativos e personalizados. Mas ter de passar por um júri à porta para decidir se - quem foi convidado - está mascarado de forma interessante? Se "merece" entrar? Com tamanha demonstração de gente "imaginosa" e generosa como estes, repito, convidados, não era necessário.
De facto o 7 é um número simbólico. O ano passado ninguém duvidou. Uma organização melhor, mais atenta. Muitas portas que dividiam as pessoas e evitavam horas de espera. Uma festa extraordinariamente bem "produzida" com instalações, performance ao vivo, especialidades gastronómicas, recriações de época (lembram-se do fantástico cabeleireiro e cabeleireiras?), entre outros mimos .
Pois este número redondo não correu tão bem - embora deva ter havido coisas fantásticas que muitos que, como eu, entraram às 4 da manhã, já não puderam apreciar...
Entretanto,várias e pertinentes questões pairam no espírito de todos aqueles que se habituaram a acarinhar a melhor e mais cosmopolita discoteca/bar/sala de concertos do país... Para quê convidar para "nossa casa" muito, muitíssimo mais gente do que a que lá cabe de forma minimamente confortável? Para quê tanta espera? Para quê o julgamento, seguido da demonstração da grande honra de ter passado sob o crivo do júri? (Um verdadeiro óscar para o convidado??? [esta tem direitos de autor]) Catarina Portas a olhar para o nosso vestido e lançar um sonoro "sem dúvida"??? Isto não é o baile de máscaras da terra do sr. Jardim!
O Arroz de Casca acha que só há uma explicação para isto. Tudo acontece na sequência de alguma decadência que a casa tem sofrido desde que a porta sofreu alterações. Profundas. Desde que a frequência é outra e muito menos "misturada" do que em tempos idos, desde que, no Verão (amigos no Verão!), se pinta o fantástico 1º andar de preto e, em termos de organização do espaço, se volta as costas às varandas e ao rio. O Arroz de Casca acha que Manuel Reis está ausente. E tem pena.
Toda esta prelecção crítica em torno da festinha de aniversário? Pois que se fale daquilo que é bom, para que se não estrague. Se me diverti? Pois, acabei por me divertir. (É claro que também havia coisas bonitas e bem feitas). Encontrei muita gente. Ri muito. Dancei. Encarnei uma "bonitinha, bem comportadinha e penteadinha" criatura vinda do imaginário feliniano.
Mas se eu - e mais umas centenas - demos a volta à noite, foi graças à nossa infinita paciência e a uma grande dose de boa disposição. Porque a casa não fez as honras. (E toda a gente sabe que quanto mais alto se sobe, maior é a queda.) E o anfitrião, esse, não deve ter sabido da festa a metade.

3 Comments:

  • ja nem me lembrava do "oscar" que recebemos da "fantastica" catarina. ela foi amorosa!!!!
    relembrando a festa no teu texto,de facto tivemos mta boa vontadinha para nos divertirmos tanto como nos divertimos, não foi jackie?!!
    adorei o texto!!

    By Anonymous Anónimo, at 7:18 da tarde  

  • Eu concordo com tudo mas confesso que quando entrei... vi três "entradas" e só numa delas estava uma fulana que não era a Portas (nome adequado por acaso...) a examinar umas pessoas (acho que ela confundiu Fellini com Bergman mas adiante...).
    Como ali havia fila e nas outras duas "portas", não. Fui para uma das outras e entrei calmamente.

    É que nem me pediram o convite, que aqui tenho, intacto e devidamente preenchidinho.

    Entrei sozinha e nem sei quantas pessoas (umas 5, no mínimo) aproveitaram o meu deslizar para entrar comigo.
    Depois lá tive oportunidade de dizer ao Manel que tanto stress lá fora era patético, que aquilo estava mal feito e que era uma pena que assim fosse... etc etc...

    Mais estranha foi a minha facilidade em entrar e em não ter passado por nenhum check in.

    :-s

    Cheguei a casa às 12h, feliz e contentemente alcoolizada.

    Felliniana até dizer CHEGA!
    (ninguém mo disse, ufff)

    By Anonymous Anónimo, at 4:31 da manhã  

  • cara amiga anônima,

    Haja alguém que tenha vingado as minhas aspirações e tenha dito ao nosso amigo Manel: "Olha Manel, assim não dá"!
    Essa da Portas tem realmente graça e definitivamente não era subtileza para o meu estado de impaciência nocturna. Mais giro foi a outra - deve ser a que agora pergunta às pessoas se têm o nome na guest list - que confundiu Fellini com Bergman...
    Pois que a tua entrada foi subtil e "deslizante", tal como a minha poderia ter sido. Não fossem algumas companhias com quem estava estarem armadas em "esperadores oficiais do reino dos sabonetes"...O máximo que podia acontecer era não entrar e pronto. Mas ao menos não ficava 3 horas ali...
    Adiante: o que importa reter é a maneira como se trata os convidados (todos) e a decadência da coisa. O ano passado dei os parabéns ao Sr. da Casa. Este ano a fábrica dos sabonetes foi concerteza a banhos.

    By Blogger g., at 3:54 da tarde  

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