O Arroz de Casca

segunda-feira, abril 16, 2007

Embriaga-te

É preciso estar sempre embriagado. Apenas isso, mais nada.
Para não sentir o horrível fardo do Tempo que vos esmaga os ombros e vos dobra para o chão, é preciso que vos embriagueis sem tréguas. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos.
E se alguma vez, nos salões de um palácio, sobre a erva de uma vala ou na solidão morna do vosso quarto, acordardes de uma embriaguez evanescente ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, vos responderão:

«São horas de vos embriagardes! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.»

Charles Baudelaire in «O Spleen de Paris»

Este é um presente de aniversário atrasado:
Espero que te embriagues de momentos, de risos, de poesia, de beleza, de abraços. Espero que te embales nos olhos dos outros. E espero que não te arrependas.

PS- Espero que tenhas gostado.

2 Comments:

  • tava dificil aceder a "minha prenda"...gostei muito!!
    mais 1 texto muito bonito...merci, merci...efeito da ultima embriagues no adamastor!! ;)

    By Anonymous Anónimo, at 10:40 da tarde  

  • Foi à francesa - no adamastor e aqui!Isto a prenda tarda, mas não falha! ;)

    By Blogger g., at 10:59 da tarde  

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