O Arroz de Casca

domingo, janeiro 07, 2007

Saudações ao sétimo dia do ano da graça de 2007

Nota introdutória: Muito afastada tenho andado do meu arroz-mais-que-tudo, mas a verdade é que depois de tanta aventura ( eu pedi-as (neste blog mesmo) e houve alguém que não se fez rogado) - o tempo não esticou e a paciência muito menos. Isto agora vai por episódios:

Episódio I
Este ano até o Natal passou melhor que o aniversário e o ano novo, numa verdadeira inovação do género «do mal o menos». Ora estava eu posta em sossego, sem disposição para festas, mas a não querer chatices também, quando o dia 30 me traz, no mínimo, uma novela mexicana dobrada em brasileiro (e em vários takes). Mas não quero falar disso. Ao menos a 29 tive um jantar querido e a 31 um almoço com as minhas coelhas (aquelas que acham que eu até sou parecida com a Floribela, cruzes canhoto!). Estive a brincar ao macaquinho do chinês e recebi umas perneiras que afinal eram luvas. Foi giro e aqueceu o meu dia. Pronto.

Epísódio II
Vai daí que queria eu ter um fim de ano «sogadito» aqui por terras alfacinhas...mas a bem dizer que à última da hora... a modos que não me apetecia ir. Fui literalmente arrastada. Resultado: ao longo da nôte - e cedo - ia dizendo que devia ir para casa, que não estava animada e ...Eis que encontro um amigo com quem fiquei na palheta até notar que tinha frio...«Espera aí que vou buscar o casaco». E onde, perguntam vocês, estava o casaco? Poucos metros ao meu lado. Pois que nem casaco, nem mala, nem mala da Filipa que - azar dos azares - estava guardada dentro da minha. Roubaram-nos.

Episódio III
Depois do susto, os amiguinhos continuaram a escalar a madrugada do dia 1º de Janeiro, enquanto eu e a Filipa nos dirigiamos, em transe, para a esquadra...Nós e o meu amigo que estragou a sua passagem de ano para nos fazer companhia (duas horas na esquadra!!!); nos consolou com rebuçados de café e nos levou a casa (e esperou que entrássemos e fechássemos a porta do prédio em segurança). Já não há gente assim.

III A
Na esquadra era uma noite calma, imaginem só. Calmíssima! A malta que estava de serviço não tinha grande coisa que fazer e, avistando o nosso estado de choque, a 1ª coisa que o agente principal (em português é o polícia que manda e que se senta na única secretária a fazer umas redacções...) disse: «são as minhas primeiras clientes da noite»). Bonito não é? Uma pessoa está histérica que lhe estragaram a 1ª noite do ano e está tudo calmíssimo. Pior: o teclado do sr. agente não funcionava (teve de ir buscar um que já estava no 'lixo'); o computador do sr. agente não funcionava e a minha pachorra muito menos...Entretanto, questões como «nome de seu pai; residência; data de nascimento» afiguravam-se-me, naquele estado apocalíptico, qual eco inquisitorial aos ouvidos. Para melhorar a situação: o sr. agente, que revelava alguma dificuldade em redigir uma queixa (estou a ser boazinha, acreditem que estive mesmo para ir fazer a redacção por ele e procurar nas bases de dados por ele), viu o seu computador ir abaixo e ter de escrever tuuuudooooooooo de noooooovoooo.
Estávamos quase a cair para o lado. E tudo o que nos rodeava era mais do que alta comédia. Era tragicomédia, da melhor. Os fios do computador do sr. agente principal tinham um lacinho vermelhinho e pequenino de natal! Que mimoso! A tv estava ligada, aos berros, nas televendas. Na parede havia um aviso, do mais primário mau gosto, para não se fumar ali dentro. Os outros agentes olhavam para uma maquineta e diziam que nós éramos (tipo coisa) a ocorrência nº XPTO de todo o país e, em simultâneo, faziam comentários sobre o «piqueno furto». Tudo rapazes novos, bem comportados, sotaque de várias províncias. Sem esquecer a também bem comportada e polida aliança no dedo. (Um bom estudo sociológico teria muito a dizer sobre isto.)

O cúmulo: depois de um morador ter feito, duas vezes, queixa telefónica sobre o ruído de um bar - eram 5h - o sr. agente principal ainda puxou dos seus galões e contou a heróica façanha de como, com um seu vizinho, «ao segundo aviso, foi remédio santo». É claro, porque, com ele, a coisa fia fininho... Só falatava : «Comigo ninguém se mete. Quantos são? Quantos são?»

EPÍLOGO
Valha-me o padroeiro ou a padroeira das passagens de ano( vou investigar e depois acendo-lhe uma velinha ou coisa no género)! Depois de todaaaaaaaaaaa esta cena-macaca ainda tive de ouvir, no dia seguinte, a família a refilar que eu é que era era «descuidada», pois então, para além de um ror de coisas fantásticas que se seguiram nessa madrugada: vasculhar todos os caixotes do lixo na área do "piqueno furto"; levar horas (tudo era horas naquele momento) a andar para apanhar um taxi; chegar a casa e ter de ligar para o 118 a pedir os nºs para cancelar cartões, telemóveis, etc e quase morrer de frio (meu rico casaco)... Depois: depois foi adormecer a pensar que tinha sido um sonho mau, que tinha ficado sem nada, que anormais, bestas, ca...ões de assaltantes da treta...

A VINGANÇA
Parece que se serve gélida. Então: o $ estava comigo; o telemóvel era do mais rasca que há, estava partido e ia ser substituído por péssimo funcionamento; a «maquiage», comprimidos e afins não lhes serviam para nada e a mala muito menos ...É bem feita para não fazerem uma dama chorar por todos os seus pertences (o batôn que levou anos a encontrar ;); a mala vinda de um país estranho; a agenda telefónica, Meu Deus). É bem feita. Foi, de certeza, o pior roubo do ano...Queriam estragar-nos a passagem de ano, não era? A vossa não foi mais lucrativa. E fiquem -se com a grande citação que esta mente brilhante acabou de conceber:
«A justiça divina - de Deus e das Divas - nunca dorme!».

ps- para mais «citações brilhantes», contactem este blog por favor. vendo barato e há a real possibilidade de pagar em suaves prestações.

2 Comments:

  • Lamentável! É a única coisa que se pode dizer de toda esta situação!

    A justiça poética seria apenas reposta caso o asno que intentou o furto perdesse a própria carteira, telemóvel e chaves de casa num dia chuvoso, com fome, sem ninguém em casa e com vontade de ir à casa de banho!

    Que um mau início seja um bom augúrio para 2007! Nada de perder a fé na Humanidade por causa disto! Pelo menos em parte dela...

    By Blogger Catarse, at 11:43 da tarde  

  • A justiça poética é bem...
    Não posso perder a fé na humanidade de facto. Mas que tenho momentos...tenho. E muitos!

    By Blogger g., at 1:13 da manhã  

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